Uma comuna única na floresta

Localizado na floresta, próximo à casa principal (conhecida como “main house”), o acampamento é uma das opções de acomodação oferecidas pela Dharma Mountain para os retiros. Com infraestrutura própria, que atende campistas em todas as necessidades, essa é uma forma bonita e confortável de estar imerso na natureza e na experiência do retiro. Para muitas pessoas, acampar tornou-se parte importante dos retiros na Noruega.

Há campistas já veteranos ao lado de alguns que, durante esse retiro de verão, tiveram essa experiência pela primeira vez. Perguntamos a algumas sobre sua experiência.


Nasheema
Simplicidade e conexão

Pra mim, morar aqui é essa diversão, essa bagunça. É gostoso ver as pessoas na mesma dança, fluindo junto. Gosto de estar aqui desde o começo, na montagem, vendo as coisas acontecerem e cuidar, crescer, decorar. Quando vejo, no meio da mata, está tudo organizado. Tem tudo aqui para dar suporte para dançarmos juntos durante o retiro. Vira nossa casa, nesse tempo juntos. Tenho contato com muitas pessoas com quem não tenho com frequência fora deste espaço. Aqui tem isso de sangha, de estar todo mundo na mesma busca. A gente se espelha, se conhece, se sente mais. É uma sensação de união, de família.

Gosto muito, porque me tira da zona de conforto. Gosto dessa vida mais simples que tenho aqui, que se resume a um colchão na barraca, uma caixa de comidas e uma prateleira de roupas. É menos preocupação com a rotina do dia a dia, de quando estou em casa no Brasil. Tudo fica mais resumido, as coisas que preciso fazer e as coisas que tenho. São menos oportunidades de me desviar do que estou fazendo aqui, fico bem mais imersa no retiro.  

O contato com a natureza, para mim, é muito legal. É gostoso dormir abraçada pela natureza. À noite, na barraca, sempre durmo escutando o barulho do rio, ou quando chove escuto a chuva cair pertinho, quase que na minha cabeça. Sinto que estou tão exposta no meio da natureza, e ao mesmo tempo, quentinha, protegida, cozy. A sensação é de que dormir no chão, no meio das árvores é um suporte para mim. Esse contato me convida para um espaço mais natural dentro de mim — me sinto mais solta, mais natural, crua, nua…


Eshana
Nosso Ashram

Desde o início, estou apaixonada por estar no camping. Foi um ponto importante na minha lua de mel de ter me tornado sannyasin. Um maravilhamento com o espaço, a beleza, a funcionalidade, a oportunidade que temos como sangha de estar neste lugar. Desde criança lia sobre as coisas de ashram, de viver em comunidade — que era antes do Osho — e agora estou vendo essa experiência viva. No camping, isso fica muito próximo de tudo que entendia por “sannyasin vivendo junto”. Estamos convivendo de uma forma muito única. Acho que é uma oportunidade bem preciosa de se conhecer como grupo e de gerenciar isso dentro de nós mesmos.

Tenho vontade de doar de uma forma cada vez mais relaxada, me preparar de forma mais suave para lidar com as dificuldades que a gente vai ter como ser humano no convívio.

Me ajuda muito no exercício da minha consciência, que sinto o Baba trabalhando tão forte na gente. É como se o amor que tenho pela sangha me ajudasse a ficar consciente das minhas pequenas atitudes para contribuir com a harmonia e com a beleza do lugar. Sinto uma vontade muito grande de que isso se espalhe e de que tenhamos cada vez mais capacidade de receber amigos, neste formato.  

De uma forma mais profunda, em níveis que nem sei como são trabalhados em mim, sinto que me ajuda a ser mais natural. Funcionar de acordo com o que a vida está apresentando, não só com o que estou planejando. Só me entregar para chuva, calor, frio, e funcionar a partir de um espaço mais natural. É como se eu tivesse vindo preparada para enfrentar as intempéries da natureza e simplesmente tivesse sido acolhida por ela.  

Sinto o quanto cada melhoria para tornar nossa vida mais confortável aqui tem o dedo e o amor do Baba, como ele cuida de nós em todos os níveis. Uma gratidão enorme pelo Babaji, por ele saber profundamente do nosso anseio de estar aqui, dos arranjos que precisamos fazer na nossa vida para estar aqui e por cuidar disso. Mas, também, por ele nos dar essa responsabilidade de tomar conta de nós mesmos de uma forma tão mágica. É mágico! Em poucos meses, do extremo frio, isso se torna nosso ashram de volta. Está tudo junto, dentro e fora. Agora, ouço os amigos se despedindo nessa fase de ir embora; daqui a pouco, estamos aqui de volta. É muito gostoso e natural para mim estar aqui, sinto como se fosse minha casa — e de fato é. É como se saísse daqui só para conseguir o sustento para voltar.


Prem Agni
Uma experiência libertadora

Foi uma experiência muito enriquecedora para mim, sendo minha primeira vez na Noruega depois de tantos anos com o Baba. Sinto que ter ficado no camping abriu algo para mim. Estou passando por um momento de ir além de muitas ideias, e morar ali nesse retiro foi libertador. Me trouxe uma sensação de acolhimento. Foi muito bom dividir o espaço com os amigos, me trouxe uma leveza, uma alegria. Senti em muitos momentos o que o Baba fala sobre estar junto mas estar sozinho: cada um realmente no seu caminho, mas todo mundo junto, tendo o mesmo foco. Estou acostumada a morar sozinha, faz muito tempo, e tenho a tendência de me isolar; então, isso me trouxe uma sensação muito gostosa, uma libertação da ideia de coisas que são para mim ou não, do que posso ou não posso. Sinto como é rico para mim compartilhar com outros sannyasins. Antes de chegar, achei que seria mais desafiador do que realmente foi. Até frio — do qual eu tinha uma ideia — não passei, porque tinha coberta, bolsa térmica… Foi libertador. Essa é a melhor palavra pra mim.  

Senti que é muito bom ficar dentro da Dharma Mountain, porque no Brasil, normalmente, vou para casa, trabalho, e tem assuntos: gato, coisas da casa. Então estar dentro, sem drenar essa energia saindo, é muito diferente, me senti imersa. Foi muito especial e importante. Contribuiu muito para mim e para o caminhar do meu retiro. Dormir na barraca, ouvindo o rio, o silêncio… E como é um lugar com uma natureza abundante, foi muito tocante. Desde o momento em que cheguei foi uma emoção muito grande, foi muito fácil, para mim, estar ali e me sentir realmente parte da natureza. Tem algo ali que é muito forte: não sei se são as montanhas; acho que é uma combinação de coisas. Me parece que, como o Baba é um homem das montanhas, tem uma energia muito forte ali.

Foi uma experiência muito linda. Na primeira vez que estava indo para a Dharma Mountain, tive um reconhecimento de uma coisa muito profunda de que não era a primeira vez que estava ali. Era como se eu conhecesse o lugar, como se reconhecesse aquilo em algum lugar dentro de mim. Fiquei praticamente todos os dias muito maravilhada, tendo muitas ondas de alegria, sendo invadida por uma alegria, uma consciência, algo muito maior do que eu. Sou muito grata por tudo, por esse retiro, por ter vivido isso com todo mundo. Amo todos vocês.