A voz do amor

Conta-se que, no outono de 1244, um místico chamado Shams foi à cidade de Konya para se encontrar com o grande estudioso e teólogo Rumi.

Desde o primeiro encontro, Rumi ficou encantado com Shams, intrigado com sua veemência e com as críticas que ele fazia ao seu conhecimento.

Daquele momento em diante, Rumi nunca mais foi o mesmo e os dois se tornaram inseparáveis. Mesmo após a morte de Shams, Rumi continuou devoto. Ele despertou e tornou-se um dos maiores e mais amados poetas do mundo.


Rumi disse:

“Quando o oceano chega até você como amante, 
case-se imediatamente e sem demora, 
pelo amor de Deus! 
Não adie! 
A existência não tem presente melhor. 
Nenhum tempo de busca 
é capaz de encontrar isso. 
Um falcão perfeito, sem qualquer motivo, 
pousou em seu ombro, 
e se tornou seu”. 


Assim como Rumi, nós também, próximos ao Amado, começamos a expressar de novas maneiras o que temos no coração.

No início, há apenas perguntas e coisas. Agora é só poesia. É assim que acontece. Quando o amor vem e visita — toma conta —, e você está se aproximando do Amado, apenas poesia surge.”


“Amado,
Acordei 
quando você caiu no meu colo. 
Bêbado de amor você estava. 
Bêbado de amor eu estava. 
Não havia outra maneira 
de terminar essa dança maluca. 
Não havia mais nada que alguém pudesse fazer. 
A única coisa de que me arrependo — mas estava tão surpresa! —
é que, em vez de acariciar gentilmente sua bochecha,
não o beijei completamente.
Por respeito, não sabia que existia essa possibilidade.
Agora sei  
que quando eu encontrar o beijo em meus lábios 
nada poderá me impedir. 
Oh, doce Gopala, 
eu lhe trarei ghee, 
só para olhar em seus olhos, sua boca, 
alimentando-o! 
Ao me deixar vê-lo, 
você me tornou divino”. 

– Poonam



“Amado Mestre Swaha,
Meu foco mudou.
Antes, eu costumava arrastar tudo com brutalidade.
Agora, o vento carrega tudo delicadamente.
Antes, eu costumava empurrar.
Agora, é rápido, sem esforço.
Antes, eu costumava ser despedaçado.
Agora, ele se dissolve por si mesmo.
Antes, eu gritava.
Agora, mal sussurro.
Antes, eu me esforçava para entender.
Agora, sem nenhum esforço, entendo.
Antes, era um truque forçado.
Agora, é uma mágica espontânea.
Antes, era necessário elaborar.
Agora, vem pronto.
Antes, precisava ser pintado.
Agora, já vem em cores.
Antes, eu dirigia.
Agora, sou dirigido.
Antes, eu fingia ser um Mestre.
Agora, tenho um verdadeiro Mestre.
Antes, eu fugia de mim mesmo,
Agora, eu me reencontro.
Antes, eu costumava me julgar.
Agora, eu me aceito.
Antes, eu tinha muitos desejos.
Agora, aspiro ao nada.
Antes, eu costumava tropeçar em pedras afiadas
Agora, parece que estou rolando em espuma macia.
Antes, eu estava sempre fazendo.
Agora, estou em um não fazer.
Antes, eu costumava fazer tudo sozinho.
Agora, até para guardar os talheres,
alguém segura delicadamente minha bandeja.
Tudo isso entendi na presença do meu Mestre, e isso me proporciona uma paz profunda”.
 
— Seu discípulo, sempre a seus pés
Samvara




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